Lago Elementar

Aqui é o lago aonde os Elementares, principalmente os da Água, vem para esquecer o dia ruim que tiveram, ou mesmo para se refrescar.

Kurt Lars △ Elementar do Ar △ Nível OO △ Keste

Fora difícil a vinda para cá, depois que descobri ser um elementar. Tinha que deixar Alexia, minha irmã mais nova, e quando a vi chorando já com saudade senti um aperto no coração. Korpitália até era boa, porém parecia ser vazia. Pelo menos eu havia conseguido pegar alguns instrumentos meus que poderiam ser levados mais facilmente. Consegui trazer meu violão, minha guitarra, meu teclado, meu violino e o clarinete. O resto estava para trás. Era justamente o teclado que tinha em mãos agora, andando pelo local e por fim parando à beira do lago. Sentei-me e coloquei o instrumento em meu colo. Logo comecei a tocar uma música, uma das que tocava para Alexia o dia inteiro, composta por mim mesma. Sempre que ela se aproximava de mim, sendo alegre, triste, com medo ou com sono, eu tocava para ela no piano. Como não o tinha aqui, tentei contentar-me com o teclado.

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E lá estava eu em Korpitália. Não fora tão difícil sair de Cordélia já que eu causava alguns probleminhas por ali com meu comportamento, apesar de eu saber que me amavam e que preocupavam-se comigo. Por enquanto estava andando por aí quando comecei a ouvir uma música. Estava sendo tocada em um piano, mas provavelmente seria um teclado já que não haviam chances de haver um piano perto de um lago. Procurei e por fim encontrei um rapaz sentado na beira do lago tocando seu teclado, de um modo que eu sabia que o tocava por dentro, nas mais profundas lembranças. Logo estava do lado dele, olhando-o tocar. Ele nem ao menos percebia-me ali, de tão concentrado que estava. Chutei uma pedra para a água, chamando sua atenção. Olhei-o um bom tempo e dei um pequeno sorriso. — Você toca bem.

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Enquanto tocava, parecia entrar em transe sentindo também o prazer do som preenchendo meus ouvidos. Estava entrando no clímax da música, e assim que este terminou, um som intruso preencheu meus ouvidos e foi como uma navalha em minha pele depois de toda a boa sensação. Abri os olhos depois de fazer uma careta e olhei para cima. Uma garota estava de pé ao meu lado. Esta ficou me olhando por um tempo até dar um pequeno sorriso e me elogiar. — Ah, é, obrigado. Você toca alguma coisa? — perguntei. Logo depois de perguntar fiz sinal para que se sentasse ao meu lado. Não era comum eu ter amigos e nem ninguém por perto, já que me isolava apenas com os instrumentos musicais. Por isso, eu queria deixá-la perto e talvez conhecê-la melhor. — Qual seu nome?

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Fora até engraçado quando o garoto fez uma careta ao ouvir a pedra na água, destruindo a melodia em sua mente. Por fim, ele queria saber meu nome. Apertei um pouco os olhos enquanto pensava, uma mania minha. Não sabia se diria meu nome logo assim para ele, porém respondi a primeira pergunta. — Guitarra. Logo após soltei o ar com força vendo que ele me queria ali perto, sentada ao seu lado. Suspirei e por fim sentei-me, ainda em silêncio, observando o seu teclado. Depois de um bom tempo, acabei dizendo: — Nomes não são importantes.

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Fiquei observando a garota e seu silêncio. "Guitarra", fiquei pensando. Eu até sabia tocar, mas o som da guitarra não me atraía tanto. Eu gostava do piano, do violino e do violoncelo. Eu gostava de música clássica, de orquestras e suas sinfonias. Existiam músicas orquestradas que tinham guitarra, e eram realmente boas, mas deve-se saber por o instrumento no momento certo, terminar no momento certo, o tom certo de cada nota, ou então ficaria uma coisa sem alma, apenas mais um barulho na sinfonia, estragando-a, assim como a pedra que a garota jogara na água. — Certo... Sem nomes então... Respirei fundo. Como eu poderia conhecê-la se nem o nome ela queria dizer, e obviamente não queria saber o meu? Isso era realmente estranho. Em minha mente, uma orquestra começou a tocar, por enquanto era uma música até mesmo calma com um certo tom de curiosidade, misturando-se com meus sentimentos.

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Dei um pequeno sorriso vendo o jeito que ele ficou quando não quis dizer meu nome. Estava apenas vendo como ele era, era um teste meu de personalidade. Fiquei apenas olhando-o, e pelo seu olhar, parecia que uma sinfonia começava a tocar em sua mente. Um jovem maestro, estava óbvio. Quando a música simplesmente começa em nossa mente, uma orquestra e tocamos com tanta paixão, com tanto sentimento, somos maestros. E ele tinha uma leve cara de quem era doidinho, assim como todo maestro. Sem que ele esperasse, simplesmente me aproximei, coloquei as mãos em seu rosto e comecei a beijá-lo. O garoto estava surpreso, obviamente, e de primeira ficou apenas parado, completamente parado, mas percebi que aos poucos, ele parecia relaxar. Comecei então a deitar sobre ele, e ficamos assim na grama. Claro que já havíamos tirado o teclado de baixo. Coloquei meus braços ao lado da cabeça dele, apoiando um pouco meu peso para não cair em cima dele. Aos poucos fui percebendo que as mãos dele seguraram meu braço, mas não como se quisesse me tirar dali, era mais delicado até, como um carinho dele, hesitando em passar os braços logo em volta de meu corpo. Ele já correspondia ao meu beijo e já estávamos ofegantes. Percebi que aos poucos, a coisa parecia começar a esquentar para ele, e o jovem maestro parecia animar-se no beijo, deixando-o cada vez mais intenso. Então parei e fui me levantando lentamente. Sorri. — Muito bom. — minha respiração estava ainda mais ofegante. — Gostei de você. Pode ser meu amigo, agora. E fiquei apenas sentada no colo dele, esperando para ver a reação dele que certamente, seria me estranhar pelo o que fiz repentinamente e pelo o que disse.

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E de repente, aquele beijo. Fiquei tão surpreso, tão... assustado no começo que não tive reação nenhuma àquilo. Porém aos poucos fui relaxando, e quando nos deitamos na grama com ela sobre mim, acabei por corresponder o beijo. Apesar de ainda ficar me perguntando o porque de ela fazer aquilo, eu não tentava parar o beijo, que realmente, era ótimo. A sinfonia que tocava em minha mente parou por um momento quando o beijo começou e depois estava até mesmo mais alegre, mais agitada e ficava mais quanto mais o beijo esquentava. Queria envolvê-la em meus braços, sem saber porque, talvez pela agitação do momento, porém tinha hesitei, com medo de isso incomodá-la e me achar um abusado... Mas ela também estava um pouco abusada fazendo isso de repente. Mesmo assim, eu não faria isso, e apenas coloquei a mão em seus braços e um pouco nos ombros, de modo delicado até. A cada segundo o beijo se intensificava, e os papéis se trocavam, sendo eu o mais "animado" no momento. Eu queria mais, e era estranho dizer, mas eu estava ficando até mesmo excitado. Ela percebeu isso e parou de me beijar, sentando sobre mim, e eu ainda deitado, ofegante. Quando ela disse aquilo franzi o cenho. Sentei-me, com ela ainda sentada em meu colo, agora com as pernas envolvendo meu quadril. — Como assim? O que quer dizer com isso? Por que fez isso? Parei de falar um pouco e fiquei olhando para ela, que tinha o rosto estampado por um sorriso maroto. Franzi o cenho novamente. — Você é louca!

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Fui me ajeitando junto com ele enquanto se sentava e passei as pernas por seu corpo, envolvendo o quadril. Apenas tive vontade de rir da reação dele. Não pude saber se estava nervoso ou simplesmente surpreso em certo ponto, mas quando ele me chamou de louca, fiquei realmente em dúvida. Porém não iria fraquejar e perguntar isso. Fiquei uns instantes quieta e respondi: — É um teste meu. Assim que vejo logo a personalidade dos outros. É bem mais rápido e verdadeiro do que ficar conhecendo e esperando para ver. Gostei de você. Podemos ser amigos então. Me respeitou não esfregando a mão em mim e não foi se entregando de uma vez como qualquer safado. Fiz uma pausa, não esperando por reação, mas para prender meu cabelo fazendo um rabo de cavalo e para retirar a jaqueta de couro que usava. Ajeitei a roupa e por fim voltei a olhá-lo. — E por enquanto sem nomes. Penso em apelidos apenas. O nome é algo muito íntimo para ser dado assim para qualquer um. — parei um pouco. — Você, já percebi que gosta de música, e pode-se notar pelo seu olhar que ela toca em sua mente, como com os maestros. Te chamarei de Maestro daqui pra frente. Apenas isso.

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Ela simplesmente ficava em silêncio de repente. Isso me incomodava às vezes. Parecia tentar pensar em algo para responder, inventar algo, apesar de que se fosse isso, ela não ficaria me olhando nos olhos. — Um teste — repeti comigo mesmo. Bem, nunca vi ninguém beijar o outro tão intensamente para saber apenas se seria amigo ou não. Se bem que pensando melhor, realmente, ficar esperando conhecer o outro pode ser pior, pode trazer mentiras e decepções. Franzi o cenho um pouco estranhando-a novamente. — Maestro?... Pensei então em algo para ela, tentando relaxar quanto a tudo, mesmo sendo difícil. Respirei fundo e por fim disse: — Te chamarei de Louca, ou Abusada.